Por G1


Homem conta notas de dólar em casa de câmbio — Foto: Reuters

Depois de passar a maior parte desta quinta-feira (28) em forte alta, o dólar perdeu força à tarde e fechou com avanço de 0,11%, cotado a R$ 5,7661. É o maior valor desde 15 de maio. Já o câmbio turismo chegou a R$ 6,0352.

Veja mais cotações. Na parcial do mês, o dólar acumula alta de 2,63%. No ano, tem valorização de 43,80%.

Os investidores ainda avaliam a decisão do Copom de manter a taxa básica de juros em 2% ao ano e os mercados globais temem o avanço da pandemia da Covid-19 e uma nova parada da economia global.

Na cena política, esteve no radar dos investidores atritos na relação entre o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, após Maia ter acusado o chefe do BC de divulgar para a imprensa uma conversa por telefone entre os dois. Em nova postagem em rede social, Maia disse ter recebido ligação de Campos Neto e confiar nele.

Nervosismo nos mercados

No exterior, foi divulgado que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu à taxa anualizada de 33,1% no terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores, acima do esperado pelo mercado.

Na véspera, o mercado viveu um dia tenso por conta de uma nova onda de contágios da Covid-19 e temores de uma nova parada da economia global. Com casos de Covid-19 crescendo pela Europa, a França vai exigir que pessoas fiquem em suas casas exceto para atividades essenciais a partir de sexta-feira, enquanto a Alemanha vai fechar bares, restaurantes e teatros de 2 de novembro até o final do mês.

Na quarta-feira (28), a alta do dólar só perdeu força após intervenção do Banco Central, que vendeu US$ 1,042 bilhão em leilão de dólares à vista. Veja vídeo abaixo.

Banco Central investe no mercado financeiro para tentar conter a alta do dólar

Banco Central investe no mercado financeiro para tentar conter a alta do dólar

Cena local

Na agenda de indicadores, a inflação calculada pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) perdeu força em outubro, apesar dos preços dos alimentos continuarem em alta. O indicador, que é usado para corrigir a maioria dos contratos de aluguel residencial, ficou em 3,23% este mês, depois de atingir 4,34% em setembro. Em 12 meses, o IGP-M acumula alta de 20,93%, e no ano, de 18,10%.

Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros em 2% ao ano. No comunicado da reunião, o Copom afirmou que, apesar dessa pressão inflacionária, foi mantido o diagnóstico de que o choque é temporário. A alta dos preços, segundo o comitê, segue compatível com o cumprimento da meta no "horizonte relevante para a política monetária".

"Temos um cenário que sugere que o Banco Central não se precipitará para elevar a taxa de juros neste momento caso o arcabouço fiscal atual seja mantido", avaliou Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco digital Modalmais.

O Itaú avalia que a Selic permanecerá inalterada até perto do final de 2021, quando seria elevada para 3%. "Mas o risco, na ausência de uma solução satisfatória para o dilema fiscal do Brasil, é de uma alta antecipada", observou em relatório.

Segundo o Valor Online, a decisão do Copom resultava em maior inclinação à curva de juros, com queda das taxas de curto prazo e alta firme nos trechos mais longos. Por volta de 9h40, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 recuava de 3,51% no ajuste anterior para 3,47%; a do DI para janeiro de 2023 caía de 5,03% para 5,01%; a do contrato para janeiro de 2025 subia de 6,70% para 6,74%; e a do DI para janeiro de 2027 avançava de 7,47% para 7,52%.

Preocupações ampliadas com a situação fiscal do país e sustentabilidade das contas públicas, além da capacidade do governo de avançar numa agenda de reformas, têm dominando as atenções dos investidores, sendo apontadas como os principais fatores de pressão sobre o real.

A taxa de juros em mínimas históricas também faz com que o Brasil se torne menos atrativo para investidores internacionais, em razão do diferencial de juros na comparação com outras economias, reduzindo o fluxo de dólares para aplicações financeiras no país, o que também contribui para um patamar de câmbio mais alto.

Variação do dólar em 2020 — Foto: G1

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