SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE
NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES
E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR
BRASILEIRO
Cláudio Rogério de Andrade Flôr1
Paula Scovino Gitahy2
Carlos Alexandre Araújo3
Victoria Viana Souza Guimarães4
Vinícius Janick5
RESUMO
Atualmente, somente Estados Unidos, Rússia, Reino Unido,
França, China e Índia possuem submarinos com propulsão
nuclear. A situação singular do Brasil, por ser o primeiro país
sem armas nucleares a ter essa tecnologia e por, provavelmente,
ser o primeiro país a colocar o combustível nuclear naval sob
salvaguardas faz com que ele receba pressões para aderir ao
Protocolo Adicional (PA) da Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA). O artigo tem como finalidade a apresentação
de um projeto preliminar de uma simulação, como ferramenta
de auxílio à tomada de decisão de alto nível, a fim de fazer
frente às tendências e incertezas que possam interferir com
o projeto do Submarino Convencional de Propulsão Nuclear
Brasileiro (SCPN). Para tal propósito, são usadas as teorias
dos jogos, as de tomada de decisão, as de simulações/jogos de
guerra e de análise. Foi verificado que, partindo da premissa
que o SCPN será comissionado em 2029 é importante que o
Brasil tenha tomado uma decisão em relação ao PA da AIEA
antes desse ano e que cenários prospectivos possam ser
revistos ou reformulados anualmente ou a cada dois anos para
estejam atualizados, de modo a aumentar a probabilidade de
se atender aos interesses brasileiros.
Palavras-chave: SCPN. Simulação. Defesa.
1
Doutor. Escola de Guerra Naval (EGN), Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail:
claudioconsultoria@yahoo.com.br / Orcid: http://orcid.org/0000-0001-5773-7220
2
Doutoranda. Escola de Guerra Naval (EGN), Rio de Janeiro (RJ), Brasil e bolsista CAPES/
BRASIL. E-mail: scovino2002@yahoo.com / Orcid: http://orcid.org/0000-0001-8944-8474
3
Doutorando. Escola de Guerra Naval (EGN), Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail:
blahdder2014@gmail.com / Orcid: http://orcid.org/0000-0003-0342-6157
4
Mestranda. Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro (RJ), Brasil e bolsista CAPES/
BRASIL. E-mail: victoriaguimaraes@id.uff.br / Orcid: http://orcid.org/0000-0002-4344-6542
5
Mestre. Escola de Guerra Naval (EGN), Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: vinicius.janick@
gmail.com / Orcid: http://orcid.org/0000-0002-3636-7993
R. Esc. Guerra Nav., Rio de Janeiro, v. 26, n. 3, p. 837-870. setembro/dezembro. 2020.
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SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR BRASILEIRO
INTRODUÇÃO
Diante da tensão existente entre o Regime de Não Proliferação
de Armas Nucleares Nuclear (RNPAN) e o projeto do Submarino
Convencional de Propulsão Nuclear Brasileiro (SCPN), este artigo tem
o propósito de apresentar o projeto preliminar de uma simulação, como
ferramenta de auxílio à tomada de decisão de alto nível, a fim de fazer
frente às tendências e incertezas que possam interferir com o projeto.
Para tal propósito, pretende-se abordar as teorias dos jogos, as de tomada
de decisão, as de simulações/jogos de guerra e de análise. A questão
envolvendo o RNPAN ficará restrita ao desenvolvimento de cenários
prospectivos. A integração desses dois temas será o objeto final do artigo.
A construção deste texto contou com algumas etapas de pesquisa.
Em um momento inicial, foi definido qual seria o objetivo do artigo
que, partindo de um ponto básico, seria elaborar uma simulação que
proporcionasse, por meio de seus resultados, opções para tomada de decisão
em um nível estratégico, ou político. Assim, foi necessário elaborar um
arcabouço teórico que envolvesse a ferramenta de simulação, suas etapas
de desenvolvimento, e os principais teóricos como Peter Perla, Yael Brahms,
Robert C. Rubel, Margaret E. Gredler, Herman e Caffrey Jr, entre outros. Em
seguida, decidiu-se por incluir a fundamentação teórica básica de Teoria
dos Jogos e a Teoria da Decisão, utilizando autores como Fiani, Chiavento e
Moritz. Para a Teoria dos jogos, foram abordados jogos que referenciassem
um confronto hobbesiano, a colaboração, a cooperação e a integração.
Assim, foram selecionados, respectivamente: o jogo do estado de natureza;
o jogo caça ao cervo; o dilema dos prisioneiros e o jogo a batalha de sexos.
Posteriormente, foram elaborados os cenários prospectivos.
A Estratégia Nacional de Defesa (END) do Brasil, em sua revisão
de 2020, define três setores estratégicos para a defesa nacional: o nuclear,
o cibernético e o espacial, sendo o foco do presente artigo o nuclear. Neste
setor, o Brasil é um dos países mais atuantes na causa da não proliferação de
armas atômicas. O país “sem renunciar ao domínio da tecnologia nuclear,
optou por empregá-la para fins pacíficos, decisão consubstanciada” no
artigo 21 da Constituição Federal de 1988 e referendada pela sua adesão ao
Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) (BRASIL, 2020, p. 58).
Nesse setor o país busca, dentre outras coisas, a conclusão para assegurar,
juntamente com os submarinos convencionais de propulsão diesel-elétrica,
a tarefa de negação do uso do mar (BRASIL, 2020, p. 49). Considerando
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Cláudio Rogério de Andrade Flôr, Paula Scovino Gitahy, Carlos Alexandre Araújo,
Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
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que a costa brasileira se estende por cerca de 7,5 milhões de quilômetros,
aumentará significativamente a capacidade de responder a essa tarefa.
A situação singular do Brasil, por ser o primeiro país sem armas
nucleares a construir um submarino convencional com propulsão nuclear
e por, provavelmente, ser o primeiro país a colocar o combustível nuclear
naval sob salvaguardas, torna necessário que análises como a proposta
neste artigo sejam realizadas para apoiar o posicionamento do governo
brasileiro frente a instrumentos internacionais como o Protocolo Adicional
(PA) da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A proposta do
presente artigo de apresentar o projeto preliminar de simulação, como
ferramenta de auxílio a tomada de decisão de alto nível, poderá ser uma
contribuição para o governo brasileiro se preparar para as tendências e
incertezas que possam interferir com o projeto.
O artigo está estruturado em cinco partes: Teoria dos jogos; Teoria
da tomada de decisão; O que é simulação; Projetando uma Simulação; e
Cenário Prospectivo. As duas primeiras partes fornecem a base teórica
do trabalho, as duas seguintes demonstram como pode ser realizada uma
simulação e, finalmente, na última parte é realizada a parte prática do
artigo - a construção dos cenários. Com base na pesquisa realizada foi
verificado que, partindo da premissa que o SCPN será comissionado em
2029, é importante que o Governo Brasileiro tenha tomado uma decisão
em relação ao PA da AIEA antes desse ano e que os cenários prospectivos,
como o apresentado neste artigo, possam ser revistos ou reformulados
anualmente ou a cada dois anos para estejam atualizados, de modo a
aumentar a probabilidade de se atender aos interesses brasileiros.
TEORIA DOS JOGOS
Indivíduos, grupos, organizações e Estados têm seus interesses e
interagem entre si de modo a atingirem racionalmente resultados adequados
e satisfatórios. A Teoria dos Jogos, com o apoio de outras disciplinas, pode
dar a sua contribuição para essa questão nuclear brasileira colocada no
debate internacional. Para atingir esse objetivo, este item abordará alguns
jogos específicos, aplicando sempre o conceito geral do Equilíbrio Nash
(FIANI, 2009, p. 93). Esse conceito será aplicado nos seguintes jogos: estado
de natureza; caça ao cervo; dilema dos prisioneiros; e batalha dos sexos.
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SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR BRASILEIRO
O JOGO DO ESTADO DE NATUREZA
O jogo do estado de natureza foi desenvolvido por um estudioso
de Hobbes, o filósofo inglês John W. N. Watkins (BOBBIO, 2009). O cenário
geral é assim descrito:
Fulano e Sicrano são dois homens hobbesianos em um
hobbesiano estado de natureza. Ambos levam consigo
um armamento letal. Certa tarde, enquanto estão
em busca de frutos, encontram-se em uma pequena
clareira em meio ao bosque. A vegetação cerrada
torna a fuga impossível. (...). Fulano grita: ‘Espere!
Não vamos nos destroçar (...)’. Sicrano responde:
‘Compartilho de seu estado de espírito. Vamos contar:
quando chegarmos a dez, cada um de nós jogará suas
armas para além das árvores’. Cada qual começa a
pensar com ansiedade: devo ou não jogar as armas
quando chegarmos a dez? (BOBBIO, pp. 165 e 166).
Para facilitar a análise, o quadro abaixo apresenta a matriz de
decisão dos dois tomadores de decisão hobbesianos: Fulano e Sicrano.
Quadro 1 - Jogo do estado de Natureza: cenários
SICRANO
Joga a arma para além das árvores?
Cenários possíveis
Sim
FULANO
Joga a arma para
além das árvores?
Não
Sim
A
C
Não
B
D
Fonte: Elaboração própria
Considerando que ambos são “hobbesianos em um hobbesiano
estado de natureza”, a ordem de preferência dos cenários para Fulano é
primeiramente o cenário B que possibilita a destruição do Sicrano e saindo
ileso de uma eventual disputa. Em segundo lugar, Fulano escolhe o cenário
D onde tem a possibilidade de se defender com sua arma de uma decisão
do Sicrano não se desfazer de sua arma e atacá-lo. Fulano vê o cenário A
como terceira opção em sua ordem de prioridade de tomada de decisão.
Nesse cenário, ambos estarão desprovidos de suas armas, inviabilizando
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Cláudio Rogério de Andrade Flôr, Paula Scovino Gitahy, Carlos Alexandre Araújo,
Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
a possibilidade de se destroçarem. A pior de todas as escolhas, a última
opção do Fulano, é o cenário C, onde desprovido de sua arma ele será
hobbesianamente destroçado pelo Sicrano.
Concluiu-se então que, para Fulano, a priorização dos cenários
é: B melhor que D, melhor que A, melhor que C. Pode também ser escrito
da seguinte forma que B > D > A > C. Traduzindo em números, para nos
facilitar a aplicação do Equilíbrio Nash, pode se atribuir os seguintes
valores para cada cenário a partir da percepção de Fulano: B = 4, D = 3, A =
2 e C = 1. A mesma lógica deve ser usada para o hobbesiano Sicrano. Para
ele, as preferências são: C > D > A > B6. Numericamente falando, tem-se
que: C = 4, D = 3, A = 2 e B = 1.
Pode-se agora montar uma matriz (Quadro 2) com as ordens de
preferências individuais devidamente quantificadas. Como padronização,
adota-se apresentar do lado esquerdo de cada cenário os valores atribuídos
nas preferências do tomador de decisão que está do mesmo lado esquerdo, no
caso o Fulano. Do lado direito, o outro tomador de decisão, ou seja, o Sicrano.
Quadro 2 - Jogo do estado de Natureza: cenários
com as preferências quantificadas
Cenários possíveis
FULANO
Joga a arma para
além das árvores?
SICRANO
Joga a arma para além das árvores?
Sim
Não
Sim
A
2,2
C
1,4
Não
B
4,1
D
3,3
Fonte: Elaboração própria
Aplicando-se o Equilíbrio de Nash, a melhor decisão racional para
Fulano quando Sicrano decide pelo “sim” é o cenário B, enquanto a melhor
decisão quando Sicrano decide pelo “não” é o cenário D. Na interpretação
de Sicrano, a melhor decisão racional quando Fulano decidir pelo “sim” é
o cenário C, enquanto a melhor decisão quando Fulano decide pelo “não”
é o cenário D. Ou seja, o cenário D é a melhor resposta possível para os
6
Cenários preferenciais de Sicrano: C com Sicrano (S) armado e Fulano (F) desarmado; D
com ambos armados: A com ambos desarmados; e B com S desarmado e F armado.
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SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR BRASILEIRO
dois tomadores de decisão “hobbesianos em um hobbesiano estado de
natureza”, ou seja, não “jogar as armas para além das árvores”.
Essa decisão racional a nível individual conforme apresentada
acima é a praticada por muitos Estados. A solução que impedisse a
possibilidade de morte violenta por meio de armas seria entregá-las a um
terceiro que pudesse aplicar a pactua sund servanda, fazendo com que todos
a cumprissem. Uma vez isso acontecendo, os valores inseridos na matriz
seriam bem diferentes, assim como o resultado.
O JOGO CAÇA AO CERVO: COLABORAÇÃO
O jogo caça ao cervo (FIANI, 2009, p. 113) exemplifica o significado
de uma colaboração, entendida como uma cooperação com vínculos frágeis.
São dois homens que, despreocupados com um futuro distante, optam por
juntos conseguirem caçar um cervo. Somente com a cooperação dos dois,
isso se torna possível. No entanto, cada caçador pode aproveitar a atividade
e caçar uma lebre, muito mais fácil que o cervo, mas com menos carne
que o cervo. Ao se optar por caçar a lebre, torna-se impossível, naquele
momento, abater-se um cervo que se evade assustado pelo disparo de um
dos tomadores de decisão na atividade. O Quadro 3 apresenta os cenários
com a quantificação da preferência dos caçadores, tomadores de decisão.
Quadro 3 - Jogo caça ao cervo
Caçador
B
Cenários possíveis
Caçador A
Cervo
Lebre
Cervo
A
3,3
C
0,1
Lebre
B
1,0
D
1,1
Fonte: FIANI, p. 114
Observando-se a matriz: o Caçador A estabeleceu as seguintes
prioridades de cenários: A > B = D > C, e o Caçador B estabeleceu as
seguintes prioridades de cenários: A > C = D > B. Aplicando-se o conceito
Nash para se determinar o ponto de equilíbrio, tem-se que o Caçador A
prefere o cenário A para a decisão Cervo do caçador B, e prefere o cenário
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Cláudio Rogério de Andrade Flôr, Paula Scovino Gitahy, Carlos Alexandre Araújo,
Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
D para a decisão Lebre do caçador B. Por sua vez, o caçador B prefere o
cenário A para a decisão Cervo do caçador A, e prefere o cenário D para a
decisão Lebre do caçador A. Conclui-se que há dois pontos de equilíbrio
Nash: os cenários D e A (FIANI, 2009, p. 115).
Logicamente, o imediatismo não leva ao melhor resultado que é
a fartura proporcionada pela carne do Cervo, interesse comum aos dois
caçadores. No entanto, o aparecimento da Lebre gera uma oportunidade
ímpar de atender ao interesse individual de qualquer um dos caçadores.
DILEMA DOS PRISIONEIROS: COOPERAÇÃO
Muito conhecido e referenciado, em temas que envolvem as
Relações Internacionais, o jogo apresenta dois ladrões presos pela polícia
com evidências circunstanciais fortes. No interrogatório, a polícia separa
os dois, impedindo de se comunicarem, e oferece a cada um as seguintes
opções: ambos confessando (cooperando com a polícia), a promessa de 2
anos de prisão para cada um; ambos não confessando, a promessa de 1
ano de prisão para cada um e, por fim, um confessando e o outro não
confessando, o que confessou estaria livre e o que não confessou ficaria 4
anos na cadeia (FIANI, 2009, p. 110 e 111).
Quadro 4 - Jogo dilema dos prisioneiros
Ladrão 2
Cenários possíveis
Confessa
Não confessa
Confessa
A
-2,-2
C
0,-4
Não confessa
B
-4,0
D
-1,-1
Ladrão 1
Fonte: FIANI, p. 111
Nesse caso, a polícia estabeleceu cenários que favorecessem
a cooperação com a polícia. Os tomadores de decisão vão realizar as
suas escolhas racionais a partir da proposição policial. As prioridades
preferenciais do Ladrão 1 são os cenários: C > D > A > B, e as do Ladrão
2 são: B > D > A > C. As melhores decisões racionais para o Ladrão 1:
cenário A, caso o Ladrão 2 confesse; e cenário C, caso o Ladrão 2 não
confessasse. As melhores decisões racionais para o Ladrão 2: cenário A,
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SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR BRASILEIRO
caso o Ladrão 1 confesse; e cenário B, caso o Ladrão 1 não confessasse. O
Equilíbrio Nash aponta para o cenário A como a melhor opção racional
diante da oferta da polícia.
O fato dos Ladrões não poderem se comunicar, favorece a polícia.
Caso eles pudessem estabelecer compromissos garantidos, seria bem
provável que eles não confessariam, cumprindo a pena de um ano na
cadeia. Estariam cooperando entre si e não cooperando com a polícia. Dessa
forma, a “possibilidade de estabelecer compromissos garantidos é muito
importante para a determinação do resultado do jogo” (FIANI, 2009, p. 111).
O JOGO A BATALHA DE SEXOS: INTEGRAÇÃO
O jogo retrata a situação de um casal que pretende decidir onde
ir num fim de semana. São duas opções: ir ao show, ou ao futebol (FIANI,
2009, p. 109 e 100). O quadro 5 apresenta os cenários.
Quadro 5 - Jogo a batalha dos sexos
Ele
Cenários possíveis
Futebol
Show
Futebol
A
1,2
C
-1 , -1
Show
B
-1 , -1
D
2,1
Ela
Fonte: FIANI, p. 110.
As preferências da mulher são: show com ele (D) > futebol com ele
(A) > show sem ele (B) = futebol sem ele (C). As preferências do homem são:
futebol com ela (A) > show com ela (D) > futebol sem ela (B) = show sem
ela (C). As melhores decisões racionais para ela são: cenário A, caso ele
decida pelo futebol; e D, caso ele decida pelo show. As melhores decisões
racionais para ele são: cenário A, caso ela decida pelo futebol; e D, caso ela
decida pelo show. Aplicando o Equilíbrio Nash, percebe-se que há dois
pontos de equilíbrio: os cenários A e D. Conclui-se diante das preferências
estabelecidas que o importante para os dois é estarem juntos.
R. Esc. Guerra Nav., Rio de Janeiro, v. 26, n. 3, p. 837-870. setembro/dezembro. 2020.
Cláudio Rogério de Andrade Flôr, Paula Scovino Gitahy, Carlos Alexandre Araújo,
Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
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COMENTÁRIOS
Os jogos apresentados com seus respectivos pontos de Equilíbrio
Nash mostram na realidade duas situações: uma conflituosa e outra
de cooperação. Considerando-se a cooperação no nível intermediário,
pode-se supor uma cooperação negativa denominada colaboração e uma
cooperação positiva a de integração. A Estratégia Marítima de Cooperação
para o Século XXI dos EUA (UNITED STATES, 2007) é um exemplo
emblemático dos jogos acima. Da leitura, podemos concluir que os EUA
confirmam a decisão deles de não “jogar as armas para além das árvores”,
os três serviços marítimos são integrados para trabalharem juntos, os
aliados são considerados cooperadores e, finalmente, os parceiros são
colaboradores. Tudo isso pode ser confirmado pelo Relatório que foi
disponibilizado no ano seguinte ao Jogo Global 08, quando a Estratégia foi
testada por cerca de 190 tomadores de decisão de várias partes do mundo,
inclusive do Brasil (UNITED STATES, 2009).
Pode-se imaginar a existência de três cenários de paz e um de
Guerra. Nesse contexto, há Estados que assumindo a igualdade positiva
hobbesiana consideram o poder de destruição uns aos outros. O Estado
Brasileiro, pela sua Constituição Federal, pode ser inserido dentro da
proposição da igualdade negativa hobbesiana, onde procura desenvolver a
capacidade de não se deixar destruir. Entende-se que é isso que assinatura
de qualquer protocolo não deve impedir (FLÔR, 2019, p. 255 a 257).
TEORIA DA TOMADA DE DECISÃO
Segundo Oliveira (2004), tomada de decisão consiste na conversão
das informações em ação, assim sendo, decisão é a ação tomada com
base na apreciação de informações de base confiável, ou seja, decidir é
posicionar-se em relação ao futuro.
Segundo
Chiavenato
(1997),
as
decisões
possuem
fundamentalmente seis elementos: Tomador de decisão, Objetivos,
Preferências, Estratégia, Situação e Resultado. O Quadro 6 apresenta as
características de cada elemento.
R. Esc. Guerra Nav., Rio de Janeiro, v. 26, n. 3, p. 837-870. setembro/dezembro. 2020.
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SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR BRASILEIRO
Quadro 6- Características e elementos da decisão
ELEMENTOS DA
DECISÃO
CARACTERÍSTICAS
Tomador
de Pessoa que faz a seleção entre várias alternativas
decisão (decisor)
de atuação.
Objetivos
Propósito ou finalidade que o tomador de decisão
almeja alcançar com sua ação.
Preferências
Critérios com juízo de valor do tomador de decisão
que vai distinguir a escolha.
Estratégia
Direção ou caminho que o tomador de decisão
sugere para melhor atingir os objetivos e que
depende dos recursos que se dispõe.
Situação
Aspectos ambientais dos quais vale-se o tomador
de decisão, muitos dos quais fora do controle,
conhecimento ou compreensão e que afetam a
opção.
Resultado
É a decorrência ou resultante de uma dada
estratégia definida pelo decisor.
Fonte: adaptado de Chiavenato (1997).
Chiavenato (1997) descreve que o processo de decisão se desenvolve
em sete etapas, em função das características individuais de cada decisor:
1. Percepção da situação que abrange algum problema; 2. Diagnóstico e
definição do problema; 3. Definição dos objetivos; 4. Busca de alternativas
de solução ou de cursos de ação; 5. Escolha da alternativa mais apropriada
ao alcance dos objetivos; 6. Avaliação e comparação dessas alternativas;
e 7. Implementação da alternativa escolhida. No processo decisório, cada
etapa influencia as demais e todo o conjunto do processo para a tomada
de decisão ideal.
Segundo Chiavenato (2003), as decisões classificam-se em: 1)
Programadas e não programadas, não mutuamente exclusivas, mas
representam dois pontos extremos entre os quais existe uma gama
contínua de decisões intermediárias; 2) Em condições de certeza, de
risco, de incerteza, e de competição. Existem também duas principais
teorias de tomada de decisão ligadas à racionalidade: teorias racionais
e teorias não racionais. Por não exemplificarem de maneira realista
os processos cognitivos de um decisor, as teorias racionais foram
R. Esc. Guerra Nav., Rio de Janeiro, v. 26, n. 3, p. 837-870. setembro/dezembro. 2020.
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Cláudio Rogério de Andrade Flôr, Paula Scovino Gitahy, Carlos Alexandre Araújo,
Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
reavaliadas na segunda metade do século vinte, culminando com o
aparecimento das chamadas teorias não racionais. Herbert Simon, propôs
o que viria a ser uma das principais teorias não racionais – Teoria da
Racionalidade Limitada (“Bounded Rationality”) - como uma alternativa ao
modelo rígido de tomada de decisão proposto pelas teorias racionais. O
Quadro 7 sintetiza os tipos de decisão mencionados.
Quadro 7 - Síntese dos tipos de decisão
TIPO DE DECISÃO
Programada
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
• Caracterizadas pela rotina e repetitividade.
• Adotadas mediante uma regra, com dados
evidentes,
condições
estáticas,
certeza,
previsibilidade.
Não-Programada
• Caracterizadas pela não-estruturação e dados
imprevisíveis.
• Ligadas às variáveis dinâmicas tornando-se de
difícil controle.
• Objetiva a resolução de problemas incomuns,
marcados pela inovação e incerteza.
Sob certeza
• É feita com pleno conhecimento de todos os
estados da natureza (COSTA, 1977 apud GOMES
L.; GOMES C.; ALMEIDA, 2006).
• Existe a certeza do que irá ocorrer durante o
período em que a decisão é tomada (KLEKAMP
E THIERAUF, 1975 apud GOMES L.; GOMES C.;
ALMEIDA, 2006).
• Probabilidade grau 0 ou 0% será a completa
incerteza.
• Probabilidade grau 1 ou 100% ou indica a
certeza completa.
Sob risco
• São conhecidas as probabilidades associadas a
cada um dos estados de natureza, onde o número
total de estados é conhecido.
• A certeza varia de 0 a 100% (COSTA 1977 apud
GOMES L.; GOMES C.; ALMEIDA, 2006).
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SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR BRASILEIRO
Incerteza
ou
em
condições
de • Não se obteve o total estado da natureza.
ignorância.
• A parcela dos estados conhecidos da natureza
possui dados obtidos com probabilidade incerta
(COSTA, 1977 apud GOMES L.; GOMES C.;
ALMEIDA, 2006)
• É desconhecida a probabilidade associada aos
eventos.
Sob conflito ou disputa
• Estratégias e estados da natureza são
determinados
pela
ação
de
competidores
(KLEKAMP e THIERAUF, 1975 apud GOMES L.;
GOMES C.; ALMEIDA, 2006).
• Existem dois ou mais decisores envolvidos e
o resultado depende da escolha de cada um dos
decisores.
Racional (Teoria da Maximização
• Normativas, baseadas em conceitos de
ou Teoria da Utilidade Esperada maximização e otimização.
(“Expected Utility Theory”).
• Um decisor racional maximiza os seus
potenciais ganhos (utilidade) e minimiza as suas
potenciais perdas (desutilidade).
• As escolhas do decisor computadas e alocadas
em forma de probabilidades (BRAISBY, NICK;
GELLATLY, 2012).
• Baseia-se totalmente em informações e não
em sentimentos, emoções ou crenças infundadas
sobre a situação e as escolhas que ela requer
(MAXIMIANO, 2007, p. 101).
• Pressupõe uma ordem lógica: se uma regra
foi criada, explicando quais passos devem ser
seguidos, todos os problemas serão resolvidos.
Isto é verdade apenas para os problemas que são
resolvidos por meio de decisões programadas.
R. Esc. Guerra Nav., Rio de Janeiro, v. 26, n. 3, p. 837-870. setembro/dezembro. 2020.
Cláudio Rogério de Andrade Flôr, Paula Scovino Gitahy, Carlos Alexandre Araújo,
Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
Não
racional
(Teoria
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da • Psicológicas: nosso raciocínio é limitado pela
Racionalidade Limitada (“Bounded capacidade cognitiva da nossa mente.
Rationality”) de Herbert Simon.
• Biológicas e funcionais: somos incapazes de
encontrar e processar toda a informação inerente
e necessária a uma tomada de decisão racional.
O decisor tem tempo, conhecimento e atenção
limitados e por isso o processo cognitivo
de procura de informação é muito escasso,
influenciando grandemente as suas decisões
(GIGERENZER; TODD, 2000).
• O processo de decisão dos grupos de jogos
deve se ocupar da seleção de alternativas que
mais se encaixem em algum sistema de valores
dos tomadores de decisão e sendo, até certo
ponto, uma aceitação de razoável.
• Permite simplificar situações complexas,
lidar com restrição de tempo e outros recursos
e procurar tomar decisões que equilibram
vantagens e desvantagens da melhor maneira
possível (MAXIMIANO, 2007, p. 102).
Fonte: compilação de informações de Chiavenato, 1997; Costa, 1977 apud Gomes L.; Gomes
C.; Almeida, 2006; Klekamp e Thierauf, 1975 apud Gomes L.; Gomes C.; Almeida, 2006;
Braisby, Nick e Gellatly, 2012; Maximiano, 2007; e Gigerenzer; Todd, 2000.
O QUE É SIMULAÇÃO
A simulação é um exercício experiencial que possui a
característica de transportar o usuário para um outro ambiente. Nesse
ambiente, o indivíduo pode aplicar seus conhecimentos, habilidades
e estratégias ao executar o papel ou personagem que lhe foi atribuído,
com responsabilidades e restrições bem definidas. A simulação, assim
como os jogos, é uma ferramenta dual usada no meio empresarial e no
meio militar, em treinamentos aplicados em todos os níveis, político,
estratégico, operacional e militar. Uma das características da simulação é
combinar elementos de um jogo com a experiência do participante e testar
o seu desempenho, ou ainda observar e colher informações que serão
usadas como suporte para a melhor decisão possível em uma situação real
futura. Por intermédio da aplicação de uma simulação podem ser obtidas
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SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR BRASILEIRO
informações valiosas com relação ao gerenciamento de crises, a prevenção
de conflitos, para se conhecer os efeitos de um combate, e, até mesmo,
para a conquista da paz. O uso de jogos simulados denominados Jogos
de Guerra (JG) para treinamentos tem um histórico milenar e deu origem
à simulação. Essa que é praticada atualmente, teve seu início na Segunda
Geração de JG, por volta do ano de 1811, e foi aprimorada posteriormente
na Terceira Geração (CAFFREY JR, 2019).
No século XVIII, o rei da Prússia Frederico, o Grande, teve
a iniciativa de ordenar a produção de mapas de terreno precisos
encomendados especificamente para uso militar. Essa decisão inspirou
posteriormente Napoleão a usar os mapas no planejamento de suas
campanhas, a cada fase, antes de dar início às operações. Os jogos que
antes eram usados como auxiliares na educação dos filhos da nobreza,
com o tempo, passaram a se popularizar e, com o crescimento da guerra e
da democracia, causado pela Revolução Francesa, também aumentou seu
uso civil. Em 1811, o conselheiro de guerra prussiano, desenvolveu um
jogo que rompeu com as convenções do jogo abstrato e como o movimento
alternado do jogo de xadrez. Esse jogo veio a ser chamado de Simulação
e tinha como característica a possibilidade de modelar enfrentamentos
em espaço e tempo reais em uma escala consistente, que se pudesse
dominar. Eram jogos no nível de batalha, inicialmente, e a motivação
para o desenvolvimento desse novo jogo era criar condições para vencer
Napoleão, que com seu estilo próprio tinha modificado o modo de se fazer
guerra e conquistado grande parte da Europa. Nessas simulações eram
usados mapas topográficos e possibilitava estimar as baixas com uso de
tabelas que consideravam alcances, o terreno e outros fatores. As perdas no
combate eram determinadas jogando dados, para simular suas incertezas
inerentes (CAFFREY JR, 2019).
Em 1848 foi elaborado o primeiro JG estratégico do mundo e
representou a totalidade de uma guerra - uma guerra entre a Prússia e a
Áustria. Dessa forma, os jogos chegaram no nível da Estratégia Nacional
e foram empregados na Escola de Estado Maior, na preparação e no
treinamento de oficiais em planejamento de guerra. Na década de 1860
após ter obtido diversos êxitos nas guerras em que participou, a Prússia
deixou de ter exclusividade no uso de simulações em seus treinamentos
e planejamentos. Por quase cinquenta anos a Prússia os utilizou e, após
seus triunfos em batalhas, a França, Reino Unido, Rússia e EUA passaram
a adotar os modernos jogos simulados de segunda geração em suas
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Cláudio Rogério de Andrade Flôr, Paula Scovino Gitahy, Carlos Alexandre Araújo,
Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
851
academias. Para isso, houve um compartilhamento de informações por
parte do governo prussiano, as simulações foram demonstradas para as
nações com as quais a Prússia mantinha boas relações e as regras foram
publicadas comercialmente.
A década anterior à Primeira Guerra Mundial foi marcada por
uma intensificação dos treinamentos com jogos por parte do Império
Alemão, que conseguiu melhorar os métodos de planejamento e de jogos,
prevendo ações estratégicas de seus oponentes. Um fato importante é que
nessa época da Grande Guerra foram iniciados os estudos sobre pesquisa
operacional, sempre na busca de utilizar com mais eficácia a tecnologia
existente. A Terceira Geração teve início na República de Weimar (1918-1933)
e partiu da necessidade de uma estratégia para preservar a independência
da Alemanha, então sob ocupação. O que apresenta de diferente é a
simulação de um conflito armado contemplando todos os elementos do
Poder Nacional. Esses jogos e simulações continuam a ser usados até hoje
em vários países como jogos político-militares, os mais abrangentes, e
jogos de ações de insurgência ou contra insurgência (CAFFREY JR, 2019).
Por definição, de acordo com McHugh (2013, p. 1): “Uma simulação
é uma representação operacional de recursos selecionados de eventos
e processos reais ou hipotéticos”. O autor complementa dizendo que a
simulação deve acontecer a partir de procedimentos e dados conhecidos e
podem ter o auxílio de métodos e equipamentos que podem variar desde
o mais simples, como um tabuleiro, ao mais sofisticado, como realidade
virtual ou aumentada. Gredler (2003) indica que as simulações devem ter
algumas características específicas como: o participante deve interagir com
o modelo de uma situação do mundo real ou hipotético; cada participante
deve ter seu papel definido com responsabilidades e restrições; deve
conter um ambiente rico em dados que possibilite que o participante
possa planejar e executar uma série de estratégias; e é necessário que o
participante tenha um “feedback” das suas ações, para saber se houve
mudanças no problema ou na situação apresentada.
Brahms (2014) apresenta um estudo em que considera duas
possibilidades de simulação: a primeira é a simulação de confronto de
interesses e a segunda é simulação de elaboração e análise de cenários.
A primeira simulação apresenta um confronto de interesses
e tem a participação de duas equipes e um grupo de controle. As duas
equipes representam lados diferentes e trabalham baseados em um
cenário motivador que é a realidade do jogo, considerando uma rica
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SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR BRASILEIRO
contextualização e um breve histórico de fatos que antecedem o momento
do jogo. Na segunda simulação (elaboração e análise de cenários) não
existe o confronto entre equipes. É uma abordagem argumentativa em
que as equipes criam seus próprios cenários ou realidades simuladas, os
analisam em busca de considerações sobre os desafios presentes e futuros,
bem como as possíveis maneiras de lidar com eles. Existe também um
Grupo de Controle, que tem a função maior de coordenação e a menor,
de controle. Dessa forma, é possível trabalhar com um grupo único
composto por especialistas e representantes acadêmicos. Apesar dessa
forma distinta, o importante ressaltar é que essas duas possibilidades de
simulação auxiliam na busca por novos conhecimentos sobre a realidade.
Com o uso de simulações existe a possibilidade de entrever futuros
confrontos militares, mesmo que de forma incompleta, e explorar novas
ações, encontrar formas alternativas de operar novos recursos para esse
fim. Perla (2012) também apresenta uma definição para JG: “Um modelo de
guerra ou simulação que não envolve a operação de forças reais, em que
o fluxo de eventos afeta e é afetado por decisões tomadas durante o curso
desses eventos por jogadores representando os lados opostos”. Assim,
pode ser observado mais uma vez que a simulação é a oportunidade de
ensaiar possíveis soluções para um problema e ajuda a entender o processo
de tomada de decisão, testar ideias e gerar introspecções (WONG, 2017).
Por apresentar essa oportunidade de experimentar e analisar as ações e
resultados, essa ferramenta é amplamente usada nas escolas militares de
vários países. E, especificamente, nos Estados Unidos, os jogos e simulações
fazem parte do que se chama de ciclo de pesquisa.
Esse ciclo de pesquisa é composto por JG, experimentação e
análise, uma complementando a outra, para alcançar o melhor resultado.
É realizada a simulação pelos participantes, onde o grupo controle
observa as atividades de jogos durante essa fase e depois realiza a análise
do processo de decisão e os resultados obtidos. Em seguida, é passado
o “feedback” para os participantes e proposta uma nova simulação, até
que se possa elencar as melhores decisões possíveis. Esse seria o uso
pleno da ferramenta de simulação, pois essa proporciona um ambiente
que facilita a experimentação. Observa-se que essas decisões são de
natureza qualitativa, porém, quando o grupo de controle realiza a análise,
são utilizadas ferramentas matemáticas, modelos computacionais ou
elementos da pesquisa operacional, que geram informações de natureza
quantitativa (WONG, 2017; PERLA, 2015).
R. Esc. Guerra Nav., Rio de Janeiro, v. 26, n. 3, p. 837-870. setembro/dezembro. 2020.
Cláudio Rogério de Andrade Flôr, Paula Scovino Gitahy, Carlos Alexandre Araújo,
Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
853
O interessante é que existe um complemento no ciclo de pesquisa.
A análise é uma forma de quantificar os parâmetros e processos físicos e a
simulação age no âmbito das habilidades humanas, o processo de tomada
de decisão. Dessa forma é possível se obter uma visão melhor da realidade.
As ferramentas de simulação, análise e os exercícios são ferramentas que
funcionam muito bem de forma independente. Porém, quando são usadas
de forma complementar no ciclo de pesquisa é possível obter o melhor de
cada um deles e se traçar uma evolução para se entender a realidade.
O ciclo de pesquisa também pode ser processado nas formas
indutiva e dedutiva. Na forma indutiva, as observações específicas de
exercícios, uma vez analisadas, tornam-se uma hipótese que pode ser
explorada usando JG. Na forma dedutiva, uma hipótese pode ter sido o
resultado de um JG que, por meio de uma análise, pode ser usada para
construir um exercício onde possa ser testado (VEBBER,2015).
PROJETANDO UMA SIMULAÇÃO
Qual é o propósito de uma simulação? O propósito de uma
simulação pode ser primordialmente didático ou primordialmente
analítico. O termo primordialmente procura refletir o anseio do cliente,
também denominado patrocinador. Trata-se daquilo que realmente
preocupa o patrocinador em relação ao futuro, o que o mantém acordado
durante a noite. A clareza do propósito é fundamental (HERMAN, FROST
e KURZ, 2009). No nosso caso em questão, uma simulação voltada para
defender os interesses estratégicos brasileiros no ambiente internacional,
o propósito é primordialmente analítico.
No entanto, a prática das simulações tem mostrado que todos
os participantes de uma simulação acabam aprendendo. Embora o
foco seja analítico, a simulação fornece uma experiência imersiva. Os
tomadores de decisão ao assumirem seus papéis, os membros do Grupo
de Controle e os projetistas são submetidos a um processo de educação
experiencial (BARTELS, 2019). Para os educadores envolvidos no processo
ensino-aprendizado, trata-se de uma transformação da experiência em
conhecimento, ou seja, um aprendizado experiencial (GREDLER, 2004).
Sumariando, a simulação proposta por este artigo é primordialmente
analítica com os efeitos colaterais didáticos.
Uma vez determinado o propósito, a questão se volta para os
objetivos e atividades de apoio. O que se precisa alcançar na simulação,
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SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR BRASILEIRO
ou seja quais são as metas? Projetistas e patrocinadores devem trabalhar
juntos. Os objetivos ou metas devem contribuir para o propósito,
sem esquecer da importância do apoio humano e material (logística)
indispensável à simulação de modo a torná-la viável. A coordenação dos
horários compatíveis com a presença de todos os participantes – tomadores
de decisão, membros dos grupos de controle, analistas, grupo de apoio – é
fundamental para um bom projeto. Além disso, os projetistas devem ter
em mente a necessidade de se fazer as correções de percurso explicando o
impacto que essas mudanças terão nos resultados (BARTELS, 2019).
Figura 1 - Fases de uma simulação
Fonte: HERMAN, FROST e KURZ, 2009, p. 14.
A Figura 1 mostra as fases a serem adotadas. Definidos os
objetivos, o processo seguinte é o projeto da simulação que se desenvolve
em paralelo com o desenvolvimento do Livro da Simulação e da preparação
dos tomadores de decisão. O Livro deverá abordar em sua narrativa inicial
a complexidade do estudo de caso envolvendo a questão do PA, os papéis
assumidos e as restrições sob a forma de regras impostas aos tomadores de
decisão, indicando como será divulgada a mudança da narrativa inicial,
num contexto de estudo de caso em evolução. Todos os participantes,
sejam eles tomadores de decisão ou elementos do Grupo de Controle7,
assumindo seus respectivos papéis devem procurar fazer a conexão dessa
realidade simulada com o mundo real (GREDLER, 2004).
Os tomadores de decisão e os elementos Grupo de Controle
devem ser preparados para a simulação. Ambos, tomadores de decisão e
elementos do Grupo de Controle, devem ser escolhidos em um trabalho
Também conhecida como “White Cell”, trata-se de um grupo de especialistas que
representam organizações, agências, públicas ou privadas pertinentes ao tema e ao
propósito da simulação. A contribuição do Grupo de Controle é muito importante. Para
melhor entendimento do significado sugere-se a leitura de Simpson Jr. (2017).
7
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Cláudio Rogério de Andrade Flôr, Paula Scovino Gitahy, Carlos Alexandre Araújo,
Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
855
conjunto pelos projetistas e patrocinadores. Os primeiros devem ser
pessoas com conhecimento profundo sobre a questão do PA, os impactos
de suas decisões em relação à Constituição Federal (CF), Políticas e
Estratégias Nacionais de Defesa (PND e END, respectivamente), e os
defensores dos interesses nacionais envolvendo a questão. Os elementos do
Grupo de Controle devem ter uma visão mais ampla, mais multifacetada
dos interesses nacionais e outros que não nacionais. Esses elementos
deverão se contrapor às ideias dos tomadores de decisão, construindo
argumentações de abordagem tanto construtivista como realista nas
relações internacionais.
O nível de indeterminação da realidade simulada é outro aspecto
a ser mencionado. Considerando-se o espectro de indeterminação de
Hanley8, a complexidade das decisões está no nível estratégico, onde o
primeiro conjunto de condições envolvendo a questão em lide é conhecida,
mas existe uma competição de interesses no âmbito das relações
internacionais, cujas decisões independentes governam o estado final. De
certa forma, essa indeterminação acarreta uma maior atenção na escolha
dos elementos do Grupo de Controle abordados no parágrafo anterior.
Por fim, mas não menos importante, o problema que se
pretende enfrentar envolve um cenário futuro. Isso caracteriza uma
simulação prospectiva. Dessa forma, cenários prospectivos devem ser
estabelecidos criteriosamente na forma mais científica possível, no campo
predominantemente interpretativo das ciências sociais. As simulações
não são capazes de provar a veracidade de alguma hipótese, mas se pode
aprender com elas (BARTELS, 2019). Ela não é preditiva no seu resultado,
mas é preditiva no conhecimento que produz para os que fazem uso
dessa ferramenta de decisão (RUBEL, 2006). Normalmente, os estudos
envolvendo cenários futuros determinam narrativas otimistas evoluindo
para pessimistas.
Projeto, livro e preparação dos tomadores de decisão concluídos,
a Figura 1 apresenta a sequência teste, execução e relatório. Apesar de não
representado na Figura 1, Bartels (2019) alerta para a necessidade do projeto
sofrer adaptações durante a simulação. O emprego de simulações na Escola
de Guerra Naval também confirma essa prática. Isso se inicia no teste que
Hanley apresentou um espectro de indeterminação divido em 6 categorias a começar pela
sem indeterminação onde os elementos do problema são conhecidos e passíveis de solução
de engenharia. As outras indeterminações na sequência de dificuldade progressiva são:
estatística, estocástica, estratégica e estrutural (RUBEL, 2006).
8
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SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR BRASILEIRO
vai revelar as fraquezas ou anomalias não observadas. Também no que
se refere a execução, a sua prática tem demonstrado que um projeto com
três movimentos9 proporciona a flexibilidade necessária para se atingir
os objetivos sem colocar um fardo irracional no tempo dos tomadores de
decisão (HERMAN, FROST e KURZ, 2009). Após cada movimento, temse uma sessão plenária onde ocorrem os debates, onde os tomadores de
decisão que compõem as células10 explicam suas posições, procurando dar
consistência às suas soluções. É nessa sessão que os elementos do Grupo
de Controle podem e devem contestar o posicionamento de cada célula de
forma independente, em plenárias diferentes, ou de forma conjunta, numa
mesma plenária.
O relatório da simulação é outra atividade importante. Entendese que as principais descobertas de uma simulação são o foco de
atenção. No entanto, a leitura do relatório por outras pessoas que não
participaram ou mesmo não estão familiarizados com essa ferramenta
do processo decisório pode encontrar resistência quanto a confiabilidade
dos resultados. Resultados consistentes devem ser justificados pela
metodologia empregada. Há necessidade de uma explicação do projeto e
transparência também na análise desenvolvida para dar consistência aos
resultados alcançados. Justificativas claras e lógicas são fundamentais na
análise (BARTELS, 2019). Naturalmente, relatórios com essa conotação
se tornam densos e extensos. A prática tem determinado o uso de um
Sumário Executivo11 e, em alguns casos, a distribuição do relatório deve
ser seguida de uma apresentação oral do mesmo (BRAHMS, 2014). Essa
deverá ser a prática a ser seguida neste caso, ou seja, a distribuição do
relatório completo com apresentação oral.
Neste item, foi sugerido até aqui uma proposta de simulação
convencional. Ela foi e é praticada para destilação de problemas civis
privados e públicos, assim como de assuntos militares na sua forma
primordial de Jogos de Guerra. No entanto, existe uma maneira diferente
de se fazer uso da ferramenta simulação. Trata-se de uma redação e análise
Entenda-se movimentos como narrativas que são confeccionadas pertinentes e vinculadas
aos cenários para desafiar os tomadores de decisão. Esses problemas mal definidos, de
informação incompleta, visam provocar os tomadores de decisão.
10
Normalmente, cada célula de tomadores de decisão é constituída de no máximo dez
pessoas com conhecimento profundo sobre a questão envolvendo a assinatura do protocolo.
O ideal é que sejam constituídas 3 células que trabalharão em salas separadas.
11
Resumo claro, coerente e bem escrito da atividade realizada de modo a transmitir o novo
conhecimento para aqueles que não participaram da simulação.
9
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Cláudio Rogério de Andrade Flôr, Paula Scovino Gitahy, Carlos Alexandre Araújo,
Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
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de cenários por uma equipe de tomadores de decisão. Nessa conformação,
os tomadores de decisão após redigirem seus próprios cenários possíveis
contrafactuais, os analisam para identificar e considerar os desafios futuros
e as formas possíveis de lidar com os mesmos (BRAHMS, 2014). Os cenários
contrafactuais não empregam o paradigma histórico, eles fazem uso da
imaginação para determinar cenários possíveis do tipo Cisne Negro12
(TALEB, 2008). Dessa forma, é entendido como um cenário impactante e
provável de ocorrer, independente se é pouco ou muito improvável.
Por mais compensatória que seja uma simulação ela tem um custo.
A exigência de se trabalhar com pessoas adequadamente qualificadas que
dominem o tema, e outras que conheçam o contexto que envolve o mesmo,
requer algum dispêndio de tempo e recursos financeiros. A validade e
utilidade de uma simulação bem planejada, executada e apresentada
sob a forma de relatórios claros e concisos superam em muito a despesa
envolvida. As duas formas de simulação, convencional e de redação e
análise de cenários contrafactuais, têm custos diferenciados. A falta de
experiência nacional do último tipo apresentado pode ser superada
com práticas acadêmicas que deem um mínimo de suporte científico ao
problema em questão.
CENÁRIO PROSPECTIVO
O conceito de prospectiva foi definido, no final da década de 1950,
por Gastón Berger, que defendia a necessidade de se adotar uma nova
atitude para a formulação do planejamento de Estado e a necessidade de
olhar horizontes distantes de modo amplo verificando as interações entre
as variáveis e atores (MARCIAL et al., 2017, p. 94). Berger sugere o uso desse
termo, pois “previsão” era amplamente utilizada e estava impregnada
pelo sentido de profecia; já a teoria da prospectiva considerava o futuro
como múltiplo e incerto, cabendo ao ser humano construí-lo (MARCIAL
et al., 2017, p. 94). O conceito é baseado no tripé: “antecipação, ação e
apropriação” - o primeiro é importante para compreender as possibilidades
de futuro e, desse modo, possibilitar a criação de estratégias, que resultem
Metáfora usada “para descrever a teoria desenvolvida Nassim Taleb (2008) associada a
eventos que surpreendem a todos por serem inesperados e de grande magnitude. De difícil
previsibilidade e raros estão além do domínio das expectativas normais na história, ciência,
finanças e tecnologia. Seu nome baseia-se em um ditado antigo que se presumia a inexistência
de cisnes negros e que foi reescrito após sua descoberta” (MARCIAL et al, 2017, p. 103).
12
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SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR BRASILEIRO
em ações para o alcance dos objetivos estratégicos, envolvendo os atores
na apropriação do conhecimento gerado (MARCIAL et al., 2017, p. 94).
O termo cenário foi utilizado pela primeira vez nos anos 1950, pela
Rand Corporation, ao realizar estudos prospectivos e a escolha do termo foi
influenciada pelo expressivo avanço da indústria cinematográfica naquele
período histórico tendo como objetivo usar a ideia de que esse produto
descrevia o que iria acontecer e firmar o conceito de histórias a respeito
do futuro (MARCIAL et al., 2017, p. 95). Essas histórias apresentavam
possibilidades de futuro plausíveis, a partir das quais os estrategistas
poderiam melhor decidir e, consequentemente, adotar uma postura de
construtores do futuro desejado (MARCIAL et al., 2017, p. 95).
Para a construção de cenários prospectivos utilizados
nesta pesquisa, utilizou-se o modelo descrito por Marcial et al.
(2017) denominado “Modelo síntese”. O modelo tem como principal
característica a flexibilidade, uma vez que ele não lista de maneira objetiva
que ferramentas prospectivas devem ser utilizadas, mas sim, que passos
devem ser seguidos para que se construam cenários. Assim, o pesquisador
opta pelas ferramentas mais adequadas, considerando a disponibilidade
de peritos, o assunto, a disponibilidade de tempo, dentre outros elementos
que podem impactar no andamento de uma pesquisa prospectiva. O
modelo de síntese é composto de 8 etapas que podem ser verificadas na
figura 2, o presente trabalho irá somente até a sexta etapa.
Figura 2 – Etapas do Modelo Síntese
Fonte: Marcial, 2011 apud Marcial et al, 2017, p. 96.
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Cláudio Rogério de Andrade Flôr, Paula Scovino Gitahy, Carlos Alexandre Araújo,
Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
859
A primeira etapa consistiu na definição do plano de trabalho. Nela
foi definido o objetivo, a finalidade, os destinatários, o horizonte temporal,
o nível de análise e a questão orientadora, como pode ser verificado no
quadro 8.
Quadro 8 - Primeira Etapa
Objetivo
Gerar cenários sobre as possíveis implicações em
segurança e defesa nacional da adesão do Brasil
ao PA, que posteriormente servirão de bases para
simulações.
Finalidade
Produto do PROCAD-DEFESA13.
Destinatários:
Tomadores de decisão brasileiros.
Horizonte
temporal
2020-2025
Nível de análise
Político-estratégico
Questão
orientadora
Até 2025, quais serão os possíveis desafios e
oportunidades em segurança e defesa nacional,
para o Brasil, decorrente da decisão em relação a
adesão ou não adesão ao PA Modelo (INFCIRC/540)
da AIEA?
Fonte: Elaboração própria.
Na segunda e na terceira etapa foi realizada uma revisão de
literatura na qual foi possível identificar os principais aspectos que
deveriam entrar na pesquisa: Defesa Nacional, Segurança, Política Externa
Brasileira, Segurança Internacional e Economia.
Na quarta etapa foram usados formulários que foram enviados
para serem preenchidos pelos peritos, o que gerou 80 respostas para
tendências14 e 80 respostas para incertezas15. O grupo de controle
O Programa de Cooperação Acadêmica em Defesa Nacional “constitui ação do Ministério
da Defesa, em parceria com a CAPES, destinada a fomentar a cooperação entre instituições
civis e militares para implementação de projetos voltados ao ensino, à produção de pesquisas
científicas e tecnológicas e à formação de recursos humanos qualificados na área de Defesa”
(MINISTÉRIO DA DEFESA, 2020). Este trabalho faz parte do projeto “O Programa do
Submarino Nuclear Brasileiro (SNBR) ante as salvaguardas adicionais da AIEA”.
14
Eventos cuja perspectiva de direção e sentido é suficientemente consolidada e visível para
se admitir sua permanência no período de cenarização considerado - servem para balizar os
acontecimentos nos cenários.
15
Eventos futuros cuja trajetória ainda é indefinida no período considerado de cenarização 13
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SIMULANDO TENSÃO ENTRE O REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS NUCLEARES E O PROJETO DO SUMBARINO NUCLEAR BRASILEIRO
sintetizou as respostas semelhantes, resultando em 9 incertezas. Após
a síntese das respostas, as nove incertezas foram hierarquizadas, com
base em uma escala de 1 a 4, sendo 1 de maior prioridade e 4 de menor
prioridade, pelos peritos por meio de um segundo formulário o que levou
ao estabelecimento de 2 incertezas consideradas pelos peritos como as
mais impactantes. A quinta etapa utilizou as duas incertezas consideradas
mais prementes pelos peritos e as aplicou na ferramenta Eixos Ortogonais.
Por fim, na sexta etapa, o grupo se reuniu para revisar os principais pontos
dos cenários que seriam imputados no simulador.
Figura 3: Lógica dos Cenários
Ambiente tecnológico desfavorável
Fonte: Marcial et al, 2017, p. 101 (adaptado).
CENÁRIO 1
Em 2025, o Brasil vivencia um colapso das contas públicas, uma
desindustrialização, uma alteração do ambiente de negócios e choques
no crescimento econômico. O aumento de insatisfação na sociedade, em
função do desemprego e de outras tensões acentuadas pela Covid-19
e pelas medidas adotadas e não adotadas para lidar com elas faz com
que haja constantes manifestações violentas. A crescente dívida pública
faz com que haja uma diminuição dos recursos orçamentários para
são os eventos que vão gerar os cenários.
R. Esc. Guerra Nav., Rio de Janeiro, v. 26, n. 3, p. 837-870. setembro/dezembro. 2020.
Cláudio Rogério de Andrade Flôr, Paula Scovino Gitahy, Carlos Alexandre Araújo,
Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
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investimento e reaparelhamento do Ministério da Defesa. Devido ao
ambiente politizado em defesa16 há uma militarização do debate e da
condução da defesa nacional. A forte ideologização da PEB faz com
que ocorra uma perda de prestígio internacional e desarticulação do
relacionamento com os vizinhos sul-americanos. A não adesão ao PA e
a rejeição de medidas adicionais provocam maior desconfiança e menor
boa vontade com o Brasil, o que implica em maior resistência a programas
como o do submarino nuclear. A adesão da Argentina ao PA enfraquece
significativamente a posição brasileira junto à AIEA e a outros organismos
com relação a essa temática. Em relação ao Brasil, a Argentina assume
uma postura não colaborativa. Além disso, o aumento das pressões em
torno do programa nuclear iraniano, implica em uma linha mais dura
em todas as questões nucleares, repercutindo sobre o Brasil. No âmbito
global pós pandemia, há uma desaceleração econômica prolongada que
pode provocar uma recessão global. Apesar disso, há um crescimento dos
gastos militares, que passam a agregar a inteligência artificial às armas
militares, e intensificação da competição geopolítica entre as grandes
potências (China e EUA) o que provoca reflexos em outras regiões, que se
tornam mais conflitivas, incluindo a América do Sul, que vivencia uma
corrida armamentista, e a África, o que consequentemente, aumenta as
tensões no Atlântico Sul. Há também um aumento da economia baseada
na inteligência artificial – o que acentua a situação já complicada em
relação a tecnologia no Brasil e, consequentemente, os países avançados
em tecnologia (indústria 4.0) experimentam uma solidificação econômica.
CENÁRIO 2
Em 2025, o Brasil vivencia um ambiente econômico e tecnológico
desfavorável. Há uma insatisfação da sociedade relacionada ao
desemprego e outras tensões acentuadas pelo Covid-19 o que faz com
que haja manifestações. No entanto, como o ambiente político não está
fortemente polarizado as manifestações não estão assumindo um caráter
violento. A atuação externa do Itamaraty está retornando gradativamente
ao pragmatismo e há uma multiplicação dos atores no processo
decisório que deixou de estar centrado no MRE. O Brasil aderiu ao PA
e está se solidificando como um defensor da não-proliferação nuclear e
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Entende-se como um ambiente onde a defesa nacional ganhou uma importância política
maior.
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desarmamento nuclear. No entanto, a Argentina não acompanhou o
Brasil na adesão ao PA, assumindo uma postura não colaborativa, o
que afetou de modo negativo a relação entre os dois países. Apesar do
aumento da dívida pública e a diminuição dos recursos orçamentários
para investimento e reaparelhamento no âmbito do Ministério da Defesa,
os projetos de alta importância estratégica e de complexidade tecnológica
empreendidos pelas FFAA foram continuados ainda que com uma baixa
competitividade já que o investimento no âmbito tecnológico foi reduzido.
O SCPN e seu uso para segurança do Atlântico Sul passou a ser estudado
com maior ênfase e houve uma ampliação da importância de temas
ambientais e sociais. Ao mesmo tempo, no âmbito global pós pandemia,
há uma desaceleração econômica, um aumento na economia baseada na
inteligência artificial, um crescimento real e relativo da economia chinesa
no mundo e uma diminuição das tensões entre as grandes potências.
CENÁRIO 3
Em 2025, o Brasil apesar ter um quadro econômico desfavorável,
começa a investir na integração entre universidades, empresas e
centros de pesquisa e isto, em conjunto com a busca por parcerias
internacionais para a transferência de tecnologia, está beneficiando o
desenvolvimento de capacidades tecnológicas do país. No entanto, o
volume de investimentos destinados à indústria de defesa mostrou-se
insuficiente para gerar resultados robustos na produção de alta tecnologia.
O desemprego e outras tensões acentuadas pelo Covid-19 conseguiram
ser amenizadas graças ao avanço tecnológico; contudo, a intensificação da
divisão política na sociedade faz com que permaneça as manifestações
violentas. A forte ideologização da PEB está provocando uma perda de
prestígio internacional e uma desarticulação do relacionamento com
alguns vizinhos sul-americanos. A não adesão ao PA provocou maior
desconfiança e resistência a programas como o do SCPN. Apesar disso,
a Argentina acompanhou o posicionamento do Brasil e não aderiu ao
PA, assumindo uma postura colaborativa, o que amenizou possíveis
atritos na relação entre os dois países. No âmbito global pós pandemia,
há uma desaceleração econômica, um crescimento dos gastos militares,
uma intensificação da competição geopolítica entre as grandes potências
(China e EUA) o que provoca reflexos em outras regiões, que se tornaram
mais conflitivas, incluindo a América do Sul.
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Victoria Viana Souza Guimarães e Vinícius Janick
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CENÁRIO 4
Em 2025, embora as contas públicas ainda não estivessem
equilibradas o país conseguiu contornar o quadro de desemprego que
havia sido acentuado pelo Covid-19. Com a situação do Covid-19 contornada
e uma atenuação da divisão política da sociedade as manifestações
violentas diminuíram significativamente. Há um retorno ao paradigma
pragmático de atuação externa e uma multiplicação dos atores do processo
decisório que deixou de estar centrado no MRE. O Brasil aderiu ao PA
e a Argentina acompanhou o posicionamento brasileiro, assumindo uma
postura colaborativa, o que afetou de modo positivo a relação entre os dois
países. Há uma profissionalização militar com o papel bem definido da
defesa nacional. Apesar dos recursos orçamentários para investimento e
reaparelhamento no âmbito do Ministério da Defesa não ser suficiente,
os projetos de alta importância estratégica e de complexidade tecnológica
empreendidos pelas FFAA estão sendo continuados. A indústria e a
tecnologia em defesa do país estão melhorando e o desenvolvimento
científico e tecnológico na área está promovendo a modernização, eficiência
e melhoria na capacidade de mobilização das FFAA. No âmbito mundial
a pandemia contribuiu para uma diminuição do poderio econômico
norte-americano e uma acentuação de um mundo multipolar econômico.
Com a expectativa do comissionamento do SCPN brasileiro, o seu uso
para segurança do Atlântico Sul, a ampliação da importância de temas
ambientais e sociais contribuíram para um incremento de importância
relativa da região sul-americana no quadro global.
CONCLUSÃO
A proposta inicial deste artigo foi ampliada com a pesquisa
realizada pelos autores. Inicialmente, havia a compreensão de que o projeto
de uma simulação, como ferramenta de auxílio à tomada de decisão de
alto nível, fosse necessário e suficiente para fazer frente às tendências e
incertezas que possam interferir com o projeto do SCPN em questão. No
entanto, os autores perceberam que faltava algo.
Foi verificado que a ideia da simulação deveria permanecer, mas
com uma visão futura. Ou seja, há de se projetar e executar uma simulação
que venha a prospectar o futuro. Um futuro rodeado de incertezas como
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a interveniência da Covid-19, provavelmente um tipo de “Cisne Negro”
para a grande maioria dos governos. Desse modo a simulação prospectiva,
seja ela indutiva ou dedutiva, é uma proposta válida. Assim, os autores
buscaram prospectar usando o conhecimento disponível.
A prospecção é fruto de fatos da atualidade. Há de se identificar
por meio do conhecimento que se tem até um momento presente, os fatos
portadores de futuro. As variáveis intervenientes, como mencionado no
parágrafo anterior, devem ser consideradas. Nada pode ser desprezado.
Os especialistas que foram utilizados para gerar os quatro futuros são
pessoas altamente habilitadas nas suas áreas acadêmicas. Qualquer que
seja a ciência, natural ou humana, ela habita, principalmente, na academia.
Mas, seria isso o suficiente? Ou seja, a participação de acadêmicos
na construção de uma simulação prospectiva poderia ser a solução para
o problema. Em parte, poder-se-ia dizer que sim. Porém, a pesquisa para
uma resposta adequada, exequível e aceitável no mar das incertezas das
relações internacionais estaria incompleta. O que pode garantir que uma
colaboração, cooperação ou integração existindo no presente, se perpetue
no futuro, no momento das negociações no contexto de um cenário
internacional praticamente incerto? A realidade mostra que muitos
Estados não “jogam fora suas armas”, mas propõe que outros o façam.
A solução mais evidente foi se sugerir o emprego do ciclo de
pesquisa. Poderia ele se iniciar por uma simulação prospectiva, seguida
de uma análise para um posterior exercício com a respectiva análise que
forneceria os elementos de um novo ciclo de pesquisa. A simulação seria
predominantemente acadêmica. Professores Doutores habilitados, nos
mais variados campos das ciências humanas, deveriam ser chamados
para participar. Alguns na construção, outros no Grupo de Controle e,
também, aqueles que seriam os tomadores de decisão. Os resultados dessa
simulação seriam então analisados, servindo de base para a construção e
execução dos exercícios simulados. Nesse caso, os tomadores de decisão
seriam pessoas designadas pelos Ministérios da República e grupos de
interesse, todos vinculados ao tema. Os resultados do exercício simulado
seriam também analisados.
Outro ciclo se iniciaria. Uma outra simulação prospectiva a partir
do resultado do exercício simulado anterior seria construída e executada.
De forma semelhante, deveriam ser convidados Professores Doutores
habilitados para dar início a esse novo ciclo. Assim sendo, estima-se
que ter-se-ia um ciclo de pesquisa a cada ano de modo que o Governo
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Brasileiro esteja sempre pronto e atualizado para o início das conversações
a qualquer momento.
Partindo da premissa que o SCPN será comissionado em
2029, como consta em documentos oficiais atualizados do governo, é
importante que o Governo Brasileiro tenha tomado uma decisão em
relação ao PA antes desse ano. Caso contrário, a diplomacia brasileira
perderá significativo poder de barganha. O ideal é que cenários
prospectivos como o apresentado neste artigo possam ser revistos ou
reformulados anualmente ou a cada dois anos para estejam atualizados.
Assim, o processo decisório empregado a partir do ciclo de pesquisa
aumentará a probabilidade de se atender aos interesses brasileiros.
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DIVERGENCES BETWEEN THE NON
NUCLEAR WEAPONS PROLIFERATION
REGIME AND BRAZILIAN CONVENTIONAL
NUCLEAR PROPULSION SUBMARINE
PROJECT: EMPLOYING THE SIMULATION
TOO
ABSTRACT
Currently, only United States, Russia, United Kingdom,
France, China and India have nuclear powered
submarines. The unique situation of Brazil, as it is the first
country without nuclear weapons to have this technology
and, probably, it is the first country to place nuclear naval
fuel under safeguards, causes it to be pressured to adhere
to the Additional Protocol (AP) of the International Atomic
Energy Agency (IAEA). This article has the objective of
presenting a preliminary simulation project, as a tool
to help high-level decision-making, in order to address
the trends and uncertainties that may interfere with the
Brazilian Nuclear Propulsion Conventional Submarine
(SCPN) project. To achieve these purpose game theories
such as decision making, war simulations/games will be
used. It was concluded that, based on the premise that
the SCPN will be commissioned in 2029, it is important
that Brazil makes a decision in relation to the Additional
Protocol of the IAEA before that year and that prospective
scenarios may be reviewed or reformulated annually
or every two years in order to increase the likelihood of
meeting Brazilian interests.
Keywords: SCPN. Simulations. Defense.
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Recebido em: 20/07/2020
Aceito em: 28/12/2020
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